Quem já não sentiu dores musculares depois de fazer exercícios, principalmente quando se inicia uma atividade física? Ou depois de mudar algum programa de treinamento?
A dor tardia é, quase sempre, inevitável tanto para iniciantes como para atletas!
Mas o importante é saber até que ponto ela é considerada aceitável ou se é devido a uma agressão excessiva ocorrida por uma atividade física ou treinamento muito intenso (carga) ou muito volumuso (tempo). Ou seja, se é uma dor normal ou se está se tornando maléfica.
É importante salientar que não existem ainda, mecanismos eficazes para auxiliar na quantificação ideal dos estímulos para este ou aquele indivíduo. Normalmente uma entrevista inicial muito bem dirigida pelo professor, para levantamento de informações acerca do praticante, e, as corretas aplicações das metodologias didáticas e científicas e ainda se possível for, uma avaliação física prévia, minimizam em muito as possibilidades da ocorrência da dor tardia. Mas, nossa experiência prática, mostra que, isso pode não ser o suficiente!
E que, mesmo devidamente orientado, os programas aplicados pelos Profissionais de Educação Física, podem sim causar a Dor Tardia. E que isso, por sí só, não significa necessariamente que os estímulos foram aplicados de forma ERRADA! E que a Dor não é Normal!
Desta maneira é muito comum, após ficamos por bastante tempo sem praticar exercícios e voltamos a praticá-los, ou quando começamos uma nova rotina de exercícios, com padrões de movimentos diferentes, ritmos diferentes, a maioria de nós experimentar uma dor e rigidez nas articulações e nos músculos exercitados.
Atividades físicas incomuns ou atividades que não estamos acostumados causam dor surda (contínua e de baixa intensidade) no músculo, mas o que seria esta dor e como ela é gerada?
O que é a dor?
Sobre a Dor
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"Dor é uma sensação desagradável, que varia desde o desconforto leve a excruciante, associada a um processo destrutivo atual ou potencial dos tecidos que se expressa através de uma reação orgânica e/ou emocional."
A dor é mais que uma resposta resultante da integração central de impulsos dos nervos periféricos, ativados por estímulos locais. De fato a dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão real ou potencial, ou descrita em termos de tal (definição da Associação Internacional para o Estudo da Dor - IASP).
A avaliação da INTENSIDADE DA DOR é sempre SUBJETIVA. Cada indivíduo aprende a aplicação da palavra através de experiências relacionadas com SENSAÇÕES E LESÕES nos primeiros anos de vida. Sabemos porém que os estímulos causadores de dor são capazes de lesão tecidual. Assim, a dor é aquela experiência que associamos com lesão tecidual real ou potencial.
Sem dúvida é uma sensação em uma ou mais partes do organismo e quase sempre é desagradável, e portanto representa uma experiência emocional.
A abordagem que se faz da dor, atualmente, é que ela é um fenômeno ‘biopsicossocial’ que resulta de uma combinação de fatores BIOLÓGICOS, PSICOLÓGICOS, COMPORTAMENTAIS, SOCIAIS e CULTURAIS.
Temos assim o Limiar de dor Fisiológico, que é estável de um indivíduo para o outro, e pode ser definido como o ponto ou momento em que um dado estímulo é reconhecido como doloroso.
E ainda o Limiar de Tolerância, que é o ponto em que o estímulo alcança tal intensidade que não mais pode ser aceitavelmente tolerado.
E a Resistência à Dor seria a diferença entre os dois liminares. Ela expressa a amplitude de uma estimulação dolorosa à qual o indivíduo pode aceitavelmente resistir. E é também modificada por traços culturais e emocionais. E o nosso sistema límbico modula a resposta comportamental que daremos à esta dor.
Isto quer dizer que para um mesmo estímulo doloroso, as pessoas sentirão uma intensidade diferente para a Dor! Será Suportável para alguns e Insuportável para outros.
Para efeito de classificação médica a dor é dividida em duas categorias: As AGUDAS, que têm duração limitadas e causas geralmente conhecidas, e as CRÔNICAS, que duram mais de três meses e têm causas desconhecida ou mal definida. Esta última categoria de dor aparece quando o mecanismo de dor não funciona adequadamente ou doenças associadas a ele tornam-se crônicas.
A dor é portanto uma QUALIDADE sensorial FUNDAMENTAL DE ALERTA para a ocorrência iminente ou já desenvolvida, por exemplo de lesões teciduais (sejam de menor ou maior grau), permitindo que mecanismos de defesa ou fuga sejam adotados em tempo, antes que estas lesões sejam ainda maiores. Embora possa parecer estranho, a dor é um EFEITO EXTREMAMENTE NECESSÁRIO! É o sinal de ALARME de que algum dano ou lesão vai ocorrer, está ocorrendo ou já ocorreu. Portanto sentir DOR é sim NORMAL e NATURAL, para estes eventos!
Não é NORMAL não sentir dores quando algum evento danoso esteja por acontecer, acontecendo ou acontecido!
Não é NORMAL não sentir dores quando algum evento danoso esteja por acontecer, acontecendo ou acontecido!
A dor é um mecanismo de proteção ativado diante da possibilidade de ocorrência, ou após o aparecimento, de lesões, e faz com que o indivíduo reaja para remover o estímulo álgico (de dor). Os receptores da dor são terminações nervosas livres suscetíveis a estímulos mecânicos, térmicos e químicos.
Uma dor temporária (dor aguda) pode persistir por várias horas imediatamente após um exercício extraordinário (não necessariamente forte), enquanto uma dor residual (dor crônica), ou dor Muscular de Início Tardio (DMIT), pode aparecer a seguir e durar por 2 a 4 dias.
Portanto se você é iniciante, se está sem praticar exercícios há muito tempo, qualquer atividade poderá causar dores musculares no dia seguinte podendo se prolongar até mais dois dias. Isto não é incomum também em indivíduos treinados porém que iniciam algum tipo novo de movimento.
Possíveis causas da dor:
A(s) causa(s) exata(s) da dor muscular de início tardia ainda é muito controversa entre os pesquisadores. No entanto, segundo Foss (2000), são aceitas basicamente três teorias diferentes:
- Teoria da Ruptura (laceração) Tecidual:
Essa teoria propõe que o dano tecidual, como ruptura (lacerações minúsculas) de fibras musculares, ou dano de seus componentes contráteis, pode explicar a mialgia (dor muscular);
Nesta teoria, são sugeridos três estágios de ação: (a) o exercício produz isquemia (falta de suprimento sangüíneo) dentro dos músculos ativos; (b) a isquemia resulta acúmulo de alguma "substância dolorosa" desconhecida que estimula as terminações nervosas no músculo responsáveis pela percepção da dor; e (c) a dor desencadeia um espasmo muscular reflexo que causa mais isquemia, e o ciclo todo se repete;
- Teoria do Tecido Conjuntivo:
Essa teoria sugere que os tecidos conjuntivos, incluindo os tendões, são lesados durante a contração, causando assim dor muscular. Convém lembrar que, durante as contrações excêntricas (a fase negativa do movimento), o músculo alonga-se sob tensão, distendendo assim os elementos do tecido conjuntivo associados tanto aos tendões quanto às fibras musculares;
Já McArdle (1998), cita as três teorias de Foss e complementa com mais três:
- Alterações na pressão osmótica que causam retenção de líquidos nos tecidos circundantes:
Esta pressão maior estimula as terminações nervosas próxima do músculo responsáveis pela percepção da dor.
- Alteração no mecanismo celular para a regulação do cálcio:
Ou seja, as alterações no pH, nos níveis dos fosfatos de alta energia, no equilíbrio iônico ou na temperatura observadas com um exercício incomum podem produzir grandes alterações na estrutura e função do retículo sarcoplasmático. Isso resulta em uma depressão no ritmo de captação de Ca2+ assim como em sua velocidade de liberação, produzindo um aumento na concentração de Ca2+ livre quando penetra rapidamente no citosol (líquido que preenche o citoplasma, espaço entre a membrana plasmática e o núcleo) das fibras lesadas. Essa sobrecarga de Ca2+ intracelular pode contribuir para o processo autolítico (auto degeneração), que degrada as estruturas com e sem potencial contrátil dentro do músculo lesado. Isso é responsável por uma redução na capacidade de produzir força e por uma eventual dor muscular;
- Uma combinação de dois ou mais fatores acima citados:
A causa exata da dor muscular é desconhecida, porém o grau de desconforto depende em grande parte da intensidade, duração do esforço e do tipo de exercício realizado. Não é a força muscular absoluta propriamente dita, mas sim a magnitude da sobrecarga ativa imposta a uma fibra muscular que desencadeia o dano muscular e a dor resultante (MCARDLE et al., 1998).
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